Danae

Danae
Klimt, Gustav

quarta-feira, julho 30, 2008

e se você desse chance à esse tempo que passa...


Me faz ficar aqui pensando em você e some. Me põe idéias, vontades, conflitos e segue cuidando da própria vida. Era o que eu deveria fazer se tivesse uma vida. Silencia. Ninguém me tira do lugar por muito tempo sem soprar forte e constante. Se criamos saudades para nos fazer companhia, também podemos criar satisfação e contentamento com nossa vida de sombras. Mas nada é perene. E como a areia não para a não ser que se arremesse no chão a ampulheta , resta-me duas direções; partir antes da chegada ou forçar mais um passo para alguma direção.
O que eu busco em você e nessa historia que estou querendo inventar? O que eu busco em mim? Não consigo me apoiar no que sou porque não me encontro mais quando me busco. Eu estou criando alguém pra quem sabe poder novamente me apaixonar e mais uma vez não dar certo porque eu não encontro pessoas e relacionamentos reais e daí mais uma vez terei uma hemoptise verborrágica açucarada no princípio e que no fim terá gosto de chocolate amargo e cheiro de café requentado. Estou buscando algo que me faça mais uma vez ter toda a dor de viver nas pontas dos dedos. E se você lê-se isso poderia entender o quanto sou louca (a loucura que mencionei) e saltaria fora antes mesmo de entrar porque ninguém mais merece estar à procura de cortes pra escrever com o próprio sangue.
Ia te enviar isso, mas achei melhor por aqui, ao alcance. Você não acha mesmo esse lugar, não vem aqui, parece nem dar conta. Por alguns instantes eu me encantei, mas a solidão opera tantas coisas em nós. Sinto que me apaixono durante algumas horas. Me apaixono por você ou por uma odeia qualquer que tenha traços seus. Me apaixono por esse ‘meu você’ pouco antes de dormir. Durmo com ele e é a cada noite um ‘meu você’ diferente. Estou me tornando promíscua e a culpa é sua. Alguém que sequer beijei.

°
Ah, eu assisti o filme... Depois comento sobre isso. Ta fervilhando em mim.

domingo, julho 27, 2008



Meus cacos de vida no chão.
Venha de coturnos
ou vá pela outra rua.


°

quinta-feira, julho 24, 2008

Seria assim
Tão séria sua fisionomia
Caso o amor não lhe tivesse traído as ilusões?
Tão amargos os olhos
Destilando o fel que lhe envenena a alma?
Seria tão breve seu peito
Estreito lar em que não cabe mais?
Suas palavras estariam tão empedradas n’alma
Seriam tão frias e sem intenção?
Suas vontades seriam tão incertas
E tão sem pulso sua paixão?
Quereria recuperar a dor perdida
em troca de novamente não respirar?
Ela agora sente medo de não poder voltar
ao tão conhecido canto frio de parede
no qual parece não mais caber...
Seu corpo tenta encontrar posição,
suas palavras tentam sentir o sangue.
Morde os lábios, arranca os cantos dos dedos.
Não sangra mais por dentro.
Nenhum oceano que pudesse produzir
conseguira banhá-la como antes,
Como quando podia enlouquecer sem sequer
dar conta de como principiara o devaneio.
E ainda não desejava o fim. Mas o fim estava aqui.


°
Ele diz que há amor. Fala tanto em amor e eu nem sei o que é isso. É como receber um “fica com Deus” sendo ateu. Eu sou ateia de Deus e de Amor.
Acha que isso é literatura, poesia? Desde o início isso sempre foi apenas aflição... E nem eu mesma era capaz de entender. O que trazem meus dedos no escuro, com dor por tudo, a transformar tanto tédio e incoerência em mais tédio e incoerência gráficas.
Eu só queria que esse mar não carregasse ninguém pra tão longe. Eu não posso segurar por muito tempo. O sal, a água, fazem os dedos afrouxarem. Não sou caminho seguro, como posso ajudar um cego perdido? Há mesmo tempo certo pra eu poder me equilibrar antes de me arremessar novamente? Ninguém da resposta as nossas mais aflitas perguntas. E quando eu explodir novamente, as pessoas normais as quais tentei me integrar sentirão pena e cumprirão seu papel de humanidade... Seremos mais dois loucos comento poeira de estrelas num bloco de carnaval.

quarta-feira, julho 23, 2008




Se endireito-me,
esquerdamente vou para trás.
Se penso prosseguir,
Permaneço penso,
entre um lado e outro,
longo tempo a decidir.
E quando marco em ponto,
a fuga já é velha
e meu aparelho, desmontado.
Marca sempre atrasado o ponteiro.
E quando não inteiro,
meio parado.
O passo adiante ultrapassa,
alcança a pressa com língua de fora.
Conversa fiada,
matando tempo,
puxando no fio de prosa
a hora morta
do dia adiante.
Com o tempo nas mãos,
passa de um lado pro outro
da ampulheta
a areia das horas contadas.
Carolina Miquelassi


sexta-feira, julho 11, 2008



Bate estaca mental.
Esquizofrenia sanguínea.
O coração?
No chão!
Na boca?
A mão!
No peito?
Aquele trecho da música que cantamos no por - do - sol.
E no pulso
a marca do beijo,
desenxabido desejo que partiu mais depressa que a luz.
No fim da rua
um poste,
lâmpada
queimada.
Poça d’água.
Escorregão.
Carolina Miquelassi


domingo, julho 06, 2008

Quanto menos, menos.


Seja por si só, sozinho.
Mas não dê por entender isso à ninguém.
Todos, mais cedo ou mais tarde, te deixarão na mão,
embora todos, igualmente, adorem dizer que estão aqui “pro que der e vier”.
Não é culpa deles, não é culpa de ninguém...
Não subverta a ordem
[ que na verdade não há ],
mas se quiser mudá-la, tornar-se-á inteiramente responsável por todo o caos existente.
Aceite, sorria, cale, mas não tanto.
Tens de saber as doses dos outros.
Pra não parecer (aos outros), passivo, bobo, arrogante ou estranho.
Eles podem ser, podem tudo.
Mas apenas eles.
A impressão é esta mesmo; de que todos sabem a regra do jogo menos você.
Está no lugar certo, mas segundos antes da hora marcada.
Não serve.
Tem que saber chegar,
mesmo que ninguém tenha te dito nada sobre isso.
Tem de saber!
Precisa saber que decisões tomar.
Porquê, certas ou erradas, irão te culpar por tê-las tomado, ou não.
Não diga que vai,
promessa (suas), quando não cumpridas, deporão contra você.
Muito menos dê certeza de não comparecer
Mais de três vezes certa e nunca mais te convidarão.
Nunca, em hipótese alguma, seja a primeira a dar opinião.
Se for negativa, vão dizer que reclama de tudo.
Se for positiva, darão um jeito de voltá-la contra ti.
Seja, ou não seja.
Mas só quando for pra ser.
Quando?
Não espere que alguém lhe diga.
Todos acham que já deves saber.

°
“I like it in the city
When two worlds collide

You get the people

And the government

Everybody taking
Different sides”
Adele