Danae

Danae
Klimt, Gustav

terça-feira, fevereiro 26, 2008




O verbo anda mudo
E nesse mundo cheio
Eu tenho o meio certo
De te trazer pra perto.
Mas mudo e meio
Permaneço cheio
Desse meu deserto.
Quando o verbo grita
Espia em medo
O meio copo
De saudades cheio.
Entornado ao seio
Nem mais cheio nem meio.
Oco e tanto.
Carolina Miquelassi

sábado, fevereiro 09, 2008

"... molha meu olho que não vê"

Miró


Sinto-me tão preza dos meus sentimentos
e eles tão certos e fincados como Baobás enraizados em minha lucidez.
Libertamente presa às coisas que se mostram tão certas embora erradas.
Comprometida com certezas que não busco ter.
Tocada por mãos distantes e internas.
Beijada pelas lembranças dos meus lábios em sua boca.
Acesa por um sopro de pecado tão puro e natural.
Navegada por seus dedos/barcos atracados aos meus seios.
Inundada por seu mar/saliva/gozo, espuma doce e quente.
Corrompida por uma saudade oceânica e revoltosa.
Espancada por ondas monumentais de ausência e procura.
Penetrada por um sol que não me aquece.
Contemplada por uma lua que cotidianamente me abandona nua.

Carolina Miquelassi
13.12 / 00:33