Danae

Danae
Klimt, Gustav

segunda-feira, novembro 16, 2009




O corpo apodrecia há dias na cadeira onde sua vida dera o último suspiro.

Não o havia enterrado por questões sentimentais. Tanto tempo de vida juntos, de apego...

Acreditava não poder viver com aquela ausência. Então o deixaram ali até se habituar à idéia da perda.

A presença física lhe causava horas repulsa horas um estranho conforto - ter morto e presente o que se deseja vivo acima de tudo.

Com o passar de semanas não conseguia mais desejá-lo ali. Apesar da saudade, a presença tornara-se insuportável. No entanto não tinha a coragem necessária para fazer o que devia ser feito. Mover o cadáver, remexer, catar pedaços, limpar as manchas, providenciar todas as formalidades... Reviver o dia da morte enfim.

De certo que não era mais o mesmo, sem suas observações peculiares, respostas engraçadas e a ranzinzice de costume.



Um dia, amanhecera e ele não estava mais lá. Ao despertar já sentira a ausência de seu odor.

Com a pá do jardim, deu cabo de sua própria existência.

Carolina Miquelassi
03:17
16.11

quarta-feira, novembro 04, 2009




Aguardando que me concedam a graça de ter em minha província a oportunidade de assistir...
Poucos sabem com que ânsia aguardarei.


[Falta tanto tempo pra escrever]

terça-feira, outubro 13, 2009




A lua linda
e eu ainda
espero.
Quando ao teu lado,
agora longe de mim,
distante do amor
que me fazia
ver na esfera branca,
ao escuro da noite,
uma verdade pra sonhar.
Te encontrava,
de olhos cerrados,
em mim.
A lua ali
e eu escrevendo
[versos num dedo só].
Silêncio...
É noite funda
A lua ainda
E eu só.

Carolina Miquelassi

segunda-feira, maio 04, 2009

quinta-feira, abril 02, 2009

Na sala de estar com Ana C., tomando chá das cindo em meio à gruffets.
Minha vida amorosa e a sua...


Ainda prefiro ser passarinho.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009



Um céu inteiro

pra voar.
Sem asas,
só o olhar

quarta-feira, janeiro 21, 2009


"... e se viu ferido justo na garganta"

Pequenos e invisíveis tubos sugaram através de minha boca e narinas todo o ar existente em meu corpo naquele instante. Minúsculas luzes amarelas e piscantes acenderam diante de minhas retinas e pareceram fazer minha garganta arder e se fechar. Nenhuma palavra foi possível, apenas lágrimas quentes escorrendo nas bochechas em brasa. Já não via mais nada. O tempo eu já não sabia mais se passado ou presente. Quem era eu e o que me feria? Qual a razão ou era sua ausência que me fazia cair numa armadilha feita pra pegar passarinho ferido. Ferida, caí. Fui pega, tomada, sufocada até a inconsciência absoluta. Acordei no chão e já não podia levantar, porque me faltava parte do corpo.