Danae

Danae
Klimt, Gustav

quinta-feira, outubro 14, 2010


... receio de ter que guardar pra sempre o desejo do beijo, a morada dos braços, os sonhos que só posso compartilhar neste amor

sábado, outubro 09, 2010

Eu acho que é pra seguir sozinha mesmo. Olhando a minha sombra de relance, dependendo da posição do sol. Minha única companhia certa, mas mesmo assim inconstante.
Uma vez um amigo me falou que eu que era feliz, porque eu esquecia, porque eu me bastava. Disse-me isso depois deu ter lhe relatado uma superação. Certas pessoas superam fatos, eu supero pessoas. E supero pra valer. Mas estou cumprindo a certeza de que tudo tem sua exceção. Ou não...



"Demorou tanto pra que o deixasse entrar. E quando deixou, tomou-lhe conta dos espaços mais escondidos com tanta calma, com tanta certeza, como alguém que entrava em SUA casa, depois de anos de viagem, mas sabia que era o SEU lar. Sabia que cada cômodo ali lhe pertencia sem a dominação da posse, mas com a certeza de um amor inquestionável. Devolveu às paredes a cor, à cada canto a alegria e o riso. Calmamente. Quase que displicentemente, mas com muito cuidado e responsabilidade.
Difícil ser repaginada, redecorada, remobiliada, viver dias na alegria de um ‘lar’ feliz e depois ver seu habitante partindo, sem saber o porquê ou mesmo se retornaria. Difícil pra uma casa esperar. Buscaram-na alguns inquilinos e, na tentativa de dar certo movimento e evitar que a poeira da ausência lhe cobrisse tudo por dentro, aceitou-os. Mas eram barulhentos ou possuíam costumes indesejáveis. Mas principalmente, não tinham respeito por aquele LAR. Não o amavam, pois não era seu lar. E sim apenas uma moradia temporária.
Decidira fechar-se, portas e janelas, e mandar uma carta. Um sinal de que estava a espera. Quem sabe receberia um postal da nova cidade de seu ‘morador’ ausente, e até mesmo uma data prevista (quem sabe,) para um retorno ou mesmo uma visita.
Difícil para uma casa enviar correspondência. O mais comum é o sentido inverso. Mas seu morador tinha hábitos que ela já conhecia. E sabia que era isto que ele aguardava."

...

Isto não termina por aqui. Mas eu não escreverei o desfecho sozinha.

terça-feira, outubro 05, 2010

Daqui da janela do quarto eu vejo as pitangas avermelhas pelo sol escaldante da primavera. Ramos do pé de abóbora sobem pelos galhos das demais árvores e... surpresa: uma abóbora suspensa acima de nossas cabeças. Arrancando sorrisos de quem passa pela calçada e repara nesta “arrumação” da natureza.



As vezes temo que minha manhã nasça com céu nublado. Como aqueles dias quentes, úmidos e nublados que tanto me incomodam. Quando o corpo fica mole e pesado e a mente não quer obedecer enquanto o desejo é só um: que passe logo o tempo.
Por mais que me diga(m) que temos tempo, sinto-me desperdiçando. Seja o tempo do novo abraço, seja o tempo de tentar não sentir mais tanta saudade.
Queria que alguém tomasse as rédeas, pra variar. Mas acho que se fosse diferente eu também estaria querendo mudança. Vamos. Só não sei pra onde, mas vamos sair do lugar, vamos por a vida pra girar.



“a vida é tão bonita/ basta um beijo/ e a delicada engrenagem movimenta-se/ uma necessidade cósmica nos protege”. Adelia Prado