Danae

Danae
Klimt, Gustav

domingo, julho 22, 2007

Às vezes é bom visitar antigos sítios.
Tudo se trata do momento certo.
Eu realmente não quero continuar residindo no “misterioso país das lágrimas”.
Mas sair dele não depende só da vontade.
Eu preciso enxergar algo a minha frente.
Viver sem nada nas mãos, sem nada por colher, sem nada esperar ...
Seria o ideal, mas é vazio demais pra que eu possa suportar.
Não sei viver sem paixão, não mesmo.
E não concebo que alguém consiga respirar sem ela, muito embora por vezes ela nos tire o ar e ...

Quando eu era criança desejava saber como era viver num apartamento.
Desejava subir na parte mais alta da igreja em frente a minha casa.
Desejava fazer um passeio sozinha pela rua.
Uma vez escapei de meu pai no Museu do Ipiranga em pleno desfile de 7 de setembro.
Dei uma bela volta sozinha e livre pelo jardim do museu. Quando retornei meu pai estava pálido, morrendo de medo de eu ter me perdido. Acho que foi minha primeira grande aventura.
Eu deseja ter um irmão.
Desejava que não tivesse mais enchentes.
Desejava estudar à tarde pra não ter que acordar tão cedo.
Desejava

Acho que meus desejos (outros, não estes da infância) estão perto demais de se tornarem realidade ou outros são improváveis demais de se realizarem algum dia. Talvez por isso eu me sinta tão inerte, tão sem perspectivas e ilusões. Se bem que as ilusões nunca foram muito boas comigo, mas é triste admitir que sem elas é pior e que são elas que fazem a gente ter coragem de agir e sair do lugar. Assim como a Utopia ...
O que se faz quando não se espera mais nada? Quando não se acredita em mais nada? Quando não se acredita em surpresas nem em milagres? Quando se está cético para tudo e todos? Quando não se crê mais no amor e nas amizades?
Será esse o mal de uma geração?
Será esse um mal particular?
Como voltar a crer e esperar depois de tantas coisas destruídas?
Existem realidades das quais tomamos conta que nos transformam para sempre.
É impossível fingir não saber de nada, apagar da mente e continuar.
Há dores que nos destroem a ponto de não nos permitir mais amar.

Falta-me fé em mim mesma.
Faltam-me desejos.
Ou falta-me a coragem de torná-los realidade.

Quando se é criança podemos de tudo sonhar, tudo está tão longe de deixar de ser sonho.

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