Danae

Danae
Klimt, Gustav

sábado, janeiro 19, 2008


"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."
Clarice Lispector
...
A vida, em todos os seus aspectos, tem me enfadado em demasia.
É um sono tão poderoso que cai sobre mim, me domina inteira.
Eu sequer desejo reagir a esse torpor.
Não espero que nada de bom aconteça, nenhuma surpresa virá.
Nenhuma pessoa nova, nenhuma viagem ou premio acumulado da loteria.
Nenhuma pipa ou bola de vizinho cairá no meu quintal.
Nenhuma janela saltará na minha tela trazendo alegria virtual.
Nenhuma notícia que surpreenda ou mude minha existência.
Nenhum milagre transformador se dará dentro de mim.
Não, não há esperanças aqui.
O ano é novo e tudo continua igualmente antigo.

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Carolina Miquelassi
às zero horas e 20 minutos do dia 17 de janeiro do ano de 2008

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