Danae

Danae
Klimt, Gustav

domingo, dezembro 02, 2007



Versos postumamente lúbricos.

Quero te dar meu corpo em negros lençóis azuis
de rubro cetim macio e brilhante.
Dar-te corpo apenas, nada mais.
Porque nada mais de mim necessitas.

Palmilhando cada poro teu
e deles fazer sangrar teu suor sacrifício.
Cada milímetro de pele memorizado.
Arrancar-te pequenos vestígios,
guardados sob as unhas.

Toda curva e ondulação, protuberância,
gravadas na memória táctil de minha língua.
E não saber mais onde finda minhas mãos
e principia teus cabelos.

Nos teus joelhos pousar um beijo
avançando longa e lentamente...
Doloroso prazer causar-te aos meus lábios
em que língua e leite não se separem.

Na garganta deixar brotar rouco
o som da fonte desse mistério.
E ver que o tudo é sempre tão pouco
sem alma, o teu amor estéril.


Carolina Miquelassi

...

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