Danae

Danae
Klimt, Gustav

segunda-feira, junho 30, 2008

Retrocesso lírico, etílico e sentimental.

Carta sem destinatário, remetente ou endereço certos, depositada num envelope sem selo, guardado embaixo da fronha de um travesseiro...

“Detesto quando pareço, em tua presença, hesitante.
Não saber o que eu digo, não dizer o que quero,
Por não ter certeza de querer.
Logo eu que sempre pareci saber muito bem o que querer
Encontro-me agora afundada numa banheira de medo,
A água fria até o queixo, todo o corpo a tremer.
Acontece que comigo agora cada dor fala mais alto diante da minha própria voz.
Não queria te ouvir dizer pra eu não ter medo.
Queria que me pudesse mostrar que o medo é pouco perto do que tem pra mim.
Eu queria poder entender...
Estranho é eu não deixar que entre
E algo teu já existir aqui
Algo além da pura lembrança
Algo que parece lembrança do que nunca existiu.
O que eu quero mesmo, o que preciso
É que me queira com sofreguidão
Que lute por mim com a paciência e a determinação
De um monge em busca de paz interior.
Pra me apaixonar tem que chegar do nada
E tomar conta de tudo antes mesmo que eu note a sua presença
Tomar-me de surpresa e no ímpeto de um beijo
Dissolver na boca todo o meu medo.
Teria que ser mais forte que o meu pavor,
Maior que minha dor
Mais conturbado que minhas lembranças
E mais incerto que meus tempos verbais.
A única certeza que necessitas ter
É a de me querer conquistar
De me querer ao lado e não me deixar,
Não permitir transparecer que existiu vida
Antes de nós...
[ Embora os amores perdidos já me tenham mostrado
Que essa certeza não há, e você também já deve saber... ]
Tudo isso era que deveria te dar também.
Isso – teus olhos mostram – é o que procuras nos meus.
Como te oferecer o que busco fora?
Como encontrar em mim o que não me dás?
Não são versos o que escrevo agora
Não tenho mais a menor intenção de rimar.
Preciso de uma palavra pra poder ter certeza
Do que posso e consigo sentir ainda
Como que um sopro de vida – mesmo que já vivida.
Mas quando dois têm medo, difícil pra um acreditar.”

°
Eu não sei quem escreveu...

E a propósito, sou uma recém graduada em Letras.
Por enquanto, não me pergunte o que penso a respeito...

sexta-feira, junho 27, 2008

Já te disse que a Ana já me disse?


"Intratável.

Não quero mais pôr poemas no papel

nem dar a conhecer minha ternura.
Faço ar de dura,
muito sóbria e dura (...)"

Ana Cristina Cesar
[Cabeceira]

segunda-feira, junho 23, 2008

Kate Winslet, blues, o cigarro que eu não fumei e minhas primeiras impressões sobre tudo.


Que eu tenho problemas além dos mentais e financeiros isso não é novidade pra ninguém. Mas um dos meus grandes problemas é o de não dar ouvidos quando alguém me diz
- Hei, aquela cantora pow... massa demais, vc devia ouvir, ta todo mundo ouvindo!
- unhum
Não é que eu tenha problemas em seguir conselhos, quer dizer eu tenho, mas não é bem o caso. O problema mesmo é esse trechinho “ta todo mundo ouvindo”. Essa idéia de que é bom porque todo mundo ta dizendo que é ou porque passou no Fantástico, no Globo Repórter e até o programa do Jô... Tenho quase que alergia a essas opiniões unânimes. Lembro que devia ter uns 14 anos quando estreou Titanic e eu me recusava a assistir porque todo mundo dizia que era maravilho, que já tinha assistido 5 vezes, que eu não podia perder e blá, blá, blá... Criei abuso antecipado ao nome da Celine Dion e daquela música horrível (hoje eu digo que é horrível porque é mesmo). Não podia ouvir falar em Leonardo Di Caprio que me dava dor de dente. Vim assistir Titanic aos 21 e detestei... Talvez porque a época deu ter achado ele bom já tivesse passado, talvez porque meu senso crítico relacionado ao cinema já estava sendo beneficamente contaminado por influencias européias ou talvez porque o filme fosse mesmo uma droga, cheio de cenas apelativas, atuações forçadas e um final tão imprevisível quanto o da paixão de cristo. Ok, isso aqui nunca teve a intenção de se tornar uma critica ao ‘clássico’ meloso/pop/anos 90 e me perdoem os fãs da Kate Winslet, todo mundo tem um passado negro, mas procurem assistir O expresso de Marrakesh, ou Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança ou qualquer filme dela antes ou depois de Titanic, por favor.

Nossa, eu realmente me perco.
Mas eu pretendia falar de música, ó... tsc, tsc, tsc.
Bem, desde que me apresentaram a Amy Winehouse com a infeliz comparação à Billie Holiday que estragaram tudo. Se tivessem colocado o fone no meu ouvido e dito “Escuta isso aqui!” teria sido muito melhor.
Eu particularmente adoro compartilhar e indicar as coisas que descubro e gosto, mas procuro evitar análises, julgamentos ou comparações prévias. Da minha impressão eu procuro dizer apenas que “Tow curtindo” e mandar o conteúdo adiante.
O que acontece é que sou fã da Billie, adoro Jazz e Blues, então claro que eu já fui com ouvidos de crítica especialista, oclinhos na ponta do nariz a boquinha de nojo: não achei nada demais. Mas eu também detestava Caetano na infância e achei as músicas dos Los Hermanos continuação uma da outra quando escutei Ventura pela primeira vez. Em suma, a minha primeira impressão musical, definitivamente, não é a que fica. As coisas comigo tem que seguir todo um processo pra serem bem ou mal aceitas, mas a sorte é que eu estou aberta a uma segunda chance, mas tem que ser bem espontâneo, o mais casual possível. Daí que agora pouco meu deu vontade de tirar a cabeça da droga do relatório de estágio que eu preciso concluir em no máximo 24 horas e fui fazer uma prece ao São Youtube, padroeiro dos entediados da TV aberta e desprovidos da TV a cabo. Eficiente o santo viu! Fui direto ao nome da Amy e vou confessar o motivo: ouvi o nome dela aqui do meu quarto, pela TV, foi sim, e foi no Fantástico, foi... Enfim... Num é que eu fui ouvindo assim como quem num quer nada e fui gostando! Apois foi... Poucos clips, a maioria são fotos dela com a música de fundo. Evitei o material ao vivo (detesto). Encontrei até uma versão dela mais gordinha (super linda), cabelos lisos e sem laquê e nenhuma das inúmeras tatuagens nos braços. Olhar voltado pro alto, a cara de abuso e raiva tentando disfarçar a indisfarçável timidez... E comparei com as imagens que a TV não me deixa deixar de ver. Deu pena. Parece que sempre teremos que presenciar casos de pessoas que nasceram com um puta talento, mas não conseguem conduzir suas vidas de maneira equilibrada e terminam por jogar muita coisa fora. Não estou julgando, longe de mim. Se há uma coisa que sei bem é sobre o quanto é difícil conseguir equilíbrio quando se tem alma e instintos a nos torturar, a diferença é que eu não sou famosa, nem tenho talento brilhante pra nada e ainda não parti pras drogas pesadas, heheh...
Se para que ela tenha aquele olhar tão cúmplice e aquela voz tão dolorosa é necessário se perder assim eu não sei, mas no final de cada música não consigo deixar de sentir pena e uma leve revolta pelo fato de certas coisas não mudarem nunca, nunca.

Conferir:

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Meus não agradecimentos a Mariana por ter colocado os fones nos meus ouvidos e a Priscilla por falar na Amy compulsivamente... Brincadeira ;)
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terça-feira, junho 17, 2008

Hay que enternecer, pero sin perder la dentadura jamás!


Três dias seguidos em casa e pronto; já troco o dia pela noite. Daí que as pessoas acham estranho e chato (e deve ser mesmo) o fato do celular ficar desligado por toda a manhã. Quem liga pra minha casa recebe da minha mãe a sonora noticia de que “ela está dormindo, vou acordar”.
- Dormindo a essa hora!? Tenha vergonha!
A essa altura se eu for dizer que fui dormir às 5h ou 6h da manhã vai soar como desculpa esfarrapada...
- Eu sou um vampiro, há há há...
Isso às vezes soa melhor.
Bem, as minhas aulas de lingüística aplicada e meu trabalho sobre blog fizeram com que eu passasse a dar ao meu próprio uma cara mais de diário. Enfim... Essa disciplina e a amaldiçoada da professora estão me dando um medo danado de reprovação. Nunca aconteceu isso em... todos os anos de faculdade. Nunca fiquei em 4ª prova e as reprovações que constam em meu triste currículo têm explicações bem plausíveis.
Eu só queria que a minha querida docente (¬¬) entendesse que a aula dela não me estimula e sinceramente, pra quem não tem mais esperanças sobre a educação elementar nos moldes em que se segue no Brasil, não há muito sentido estudar a aplicação de textos ao ensino de língua materna em sala de aula. Lindo! Admiro verdadeiramente quem crê e se dedica à educação, mas não possuo tal abnegação e realmente não quero possuir. Quero ter prazer no meu trabalho e a sala de aula me esgota, suga todas as minhas energias e não me retribui com nada que eu possa tirar proveito. É triste, mas é fato.
Meus trabalhos acadêmicos definitivamente estão se reproduzindo. Temo, qualquer hora dessas, encontrar no meu quarto alguma forma mutante fruto de uma fusão da lingüística com a história da língua portuguesa, meus post’s na net e os ofícios que tento digitar pra conseguir verba e finalmente conhecer São João del-Rei nas férias com o pessoal do curso de História (eu bem que mereço ir...)
Descobri hoje que meus planos de entrar como aluna especial da graduação em Ciências Sociais terão que ser adiados por um semestre. Isso mesmo! O novo e maravilhoso regulamento da minha universidade diz que o estudante não pode ingressar como aluno especial mesmo com todo o currículo da graduação anterior integralizado. Precisa ter o diploma e isso só lá pra outubro, novembro...
Muito produtivo um semestre inteiro em casa. Mais do que nunca preciso de um emprego.
Poucas palavras de uma ébria me fizeram muito bem agora de noite...
Ontem eu descobri que além do meu computador ter abortado o MSN ele também apagou todos os meus favoritos. Mas a vida é bela :D (¬¬)
Neste exato momento tento blogar e descubro que o site deve ter aproveitado a chuvinha e ido dormir, só pode.
Acho que vou fazer o mesmo.
04:12

quinta-feira, junho 12, 2008


Não há paixão que dure
Nem amor que cure
O meu vício por solidão.

segunda-feira, junho 09, 2008




Parece liberdade, parece fuga.
Parece doença e há quem diga que é cura.
Parece moda ou revanchismo.
Aceitação ou achismo?
Experimento ou encontro?
Perdição ou da partida o ponto?
Fim dos tempos ou retorno ao principio?
Precipício, ribanceira?
Fim da estrada, corredeira?
Ou bóia salva vidas pra tantas ditas que se perderam?
Perderam o paço, o tato, o juízo.
Perderam o tino e o gosto pela solidão.
Agarro o toque, o abraço, o amasso.
O gosto no que faço.
Eu te caço por aqui e guardo
Somente a água que não quiser me afogar.
Pra quem não tem o que procura
E acha que dura a vida um breve instante...
Avante à sua sede de carícia
Na pressa da vida não se reconhece o amante.
E é diante dessa dúvida que se perde, me perco,
Encontro, acho, a fonte.

Carolina Miquelassi

sexta-feira, junho 06, 2008

"... hoje eu tenho cem anos e meu coração bate como um pandeiro num samba dobrado"



As músicas do Zeca são quase sempre o que mais se aproxima da perfeição... Isso imaginando o que seja essa tal de perfeição... (Não tem jeito, tudo que penso, faço, escrevo, nego, calo... Tudo lembra você e nossas conversas... Você é o único que tem conseguido me fazer chorar só por existir, mesmo lá longe... E se depender de mim cada vez mais longe... Só eu sei por que) Mas essa letra hoje ta mais do que tudo, mais do que em tantos outros momentos... Até poucos dias estar sozinha era tudo que me dava prazer, hoje já não sei. Não sou de companhia, não sei ser, nunca soube e tenho uma profunda preguiça de aprender e tentar. Não quero que ninguém se aproxime, quero! Desejo, anseio, sonho, busco, desisto. Escrevo, envio, recebo, apago, não respondo. Não quero entender, analiso! Quero ir, combino, chamo, não vou, tenho dor de cabeça, cansaço, sono, tristeza. Aaaaaaahhhhh!
Alguma garrafa, por favor, um pedido de socorro que me salve!
Eu preciso amanhecer.

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Respondendo ao a.
A gente põe a nossa solidão com fantasia de carnaval a desfilar passos coreografados pelas ruas de papel e chama isso de poesia.

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"Não é que eu ache que o mundo tenha salvação

Mas como diria o intrépido cowboy, fitando o bandido indócil
A alma é o segredo, a alma é o segredo
A alma é o segredo do negócio"