Danae

Danae
Klimt, Gustav

segunda-feira, junho 23, 2008

Kate Winslet, blues, o cigarro que eu não fumei e minhas primeiras impressões sobre tudo.


Que eu tenho problemas além dos mentais e financeiros isso não é novidade pra ninguém. Mas um dos meus grandes problemas é o de não dar ouvidos quando alguém me diz
- Hei, aquela cantora pow... massa demais, vc devia ouvir, ta todo mundo ouvindo!
- unhum
Não é que eu tenha problemas em seguir conselhos, quer dizer eu tenho, mas não é bem o caso. O problema mesmo é esse trechinho “ta todo mundo ouvindo”. Essa idéia de que é bom porque todo mundo ta dizendo que é ou porque passou no Fantástico, no Globo Repórter e até o programa do Jô... Tenho quase que alergia a essas opiniões unânimes. Lembro que devia ter uns 14 anos quando estreou Titanic e eu me recusava a assistir porque todo mundo dizia que era maravilho, que já tinha assistido 5 vezes, que eu não podia perder e blá, blá, blá... Criei abuso antecipado ao nome da Celine Dion e daquela música horrível (hoje eu digo que é horrível porque é mesmo). Não podia ouvir falar em Leonardo Di Caprio que me dava dor de dente. Vim assistir Titanic aos 21 e detestei... Talvez porque a época deu ter achado ele bom já tivesse passado, talvez porque meu senso crítico relacionado ao cinema já estava sendo beneficamente contaminado por influencias européias ou talvez porque o filme fosse mesmo uma droga, cheio de cenas apelativas, atuações forçadas e um final tão imprevisível quanto o da paixão de cristo. Ok, isso aqui nunca teve a intenção de se tornar uma critica ao ‘clássico’ meloso/pop/anos 90 e me perdoem os fãs da Kate Winslet, todo mundo tem um passado negro, mas procurem assistir O expresso de Marrakesh, ou Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança ou qualquer filme dela antes ou depois de Titanic, por favor.

Nossa, eu realmente me perco.
Mas eu pretendia falar de música, ó... tsc, tsc, tsc.
Bem, desde que me apresentaram a Amy Winehouse com a infeliz comparação à Billie Holiday que estragaram tudo. Se tivessem colocado o fone no meu ouvido e dito “Escuta isso aqui!” teria sido muito melhor.
Eu particularmente adoro compartilhar e indicar as coisas que descubro e gosto, mas procuro evitar análises, julgamentos ou comparações prévias. Da minha impressão eu procuro dizer apenas que “Tow curtindo” e mandar o conteúdo adiante.
O que acontece é que sou fã da Billie, adoro Jazz e Blues, então claro que eu já fui com ouvidos de crítica especialista, oclinhos na ponta do nariz a boquinha de nojo: não achei nada demais. Mas eu também detestava Caetano na infância e achei as músicas dos Los Hermanos continuação uma da outra quando escutei Ventura pela primeira vez. Em suma, a minha primeira impressão musical, definitivamente, não é a que fica. As coisas comigo tem que seguir todo um processo pra serem bem ou mal aceitas, mas a sorte é que eu estou aberta a uma segunda chance, mas tem que ser bem espontâneo, o mais casual possível. Daí que agora pouco meu deu vontade de tirar a cabeça da droga do relatório de estágio que eu preciso concluir em no máximo 24 horas e fui fazer uma prece ao São Youtube, padroeiro dos entediados da TV aberta e desprovidos da TV a cabo. Eficiente o santo viu! Fui direto ao nome da Amy e vou confessar o motivo: ouvi o nome dela aqui do meu quarto, pela TV, foi sim, e foi no Fantástico, foi... Enfim... Num é que eu fui ouvindo assim como quem num quer nada e fui gostando! Apois foi... Poucos clips, a maioria são fotos dela com a música de fundo. Evitei o material ao vivo (detesto). Encontrei até uma versão dela mais gordinha (super linda), cabelos lisos e sem laquê e nenhuma das inúmeras tatuagens nos braços. Olhar voltado pro alto, a cara de abuso e raiva tentando disfarçar a indisfarçável timidez... E comparei com as imagens que a TV não me deixa deixar de ver. Deu pena. Parece que sempre teremos que presenciar casos de pessoas que nasceram com um puta talento, mas não conseguem conduzir suas vidas de maneira equilibrada e terminam por jogar muita coisa fora. Não estou julgando, longe de mim. Se há uma coisa que sei bem é sobre o quanto é difícil conseguir equilíbrio quando se tem alma e instintos a nos torturar, a diferença é que eu não sou famosa, nem tenho talento brilhante pra nada e ainda não parti pras drogas pesadas, heheh...
Se para que ela tenha aquele olhar tão cúmplice e aquela voz tão dolorosa é necessário se perder assim eu não sei, mas no final de cada música não consigo deixar de sentir pena e uma leve revolta pelo fato de certas coisas não mudarem nunca, nunca.

Conferir:

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Meus não agradecimentos a Mariana por ter colocado os fones nos meus ouvidos e a Priscilla por falar na Amy compulsivamente... Brincadeira ;)
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