Danae

Danae
Klimt, Gustav

domingo, dezembro 14, 2008

Isso aqui nunca foi literatura


Permito-me não mais refletir profundamente sobre a vida e os sentimentos, sejam os meus ou os alheios. Há um ar de indiferença nítido em meus olhos e em meu quase sorriso. É bem verdade que nunca fui de rir muito, primeiro pelo tamanho das bochechas (reduzidas a menos da metade), segundo pela tristeza, parte integrante da minha pessoa – ingrediente ao qual decidi não mais lutar contra por me ver derrotada em todas as batalhas. Decerto não há de ser algo que inexiste em mim o vencedor dessa contenda.
Quero-me assim, já que existo e à isso não posso modificar.
Quero-me inerte, semi-acordada, como quem nada teme porque nada deseja, nada pede para não sofrer a dor de negarem-lhe ou a de perder.
É assim que estou. Não sei por quanto tempo. Só sei que sempre que a possibilidade das batidas me chega próxima à porta, faço-a desviar com o olhar de quem não suporta mais o preço que se paga pra viver.

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