Não poder sentir
sob hipótese alguma
o sangue nas veias gélidas,
o sorriso petrificado nos cantos da boca,
o coração a bombear instintivo,
sem sobressaltos
ou qualquer descompasso.
Enfim a dor latente,
a dor de não sentir
o dor de não doer,
a dor de não viver inteiro
e inteiramente ser
apenas
a dor
do nada.
E já não dói,
mas há o frio repuxar
do músculo inerte,
da carne exposta
em contato com o ar
que parece que anuncia:
velas no peito
um cadáver a respirar.
Carolina Miquelassi
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Qualquer semelhança com minha vida real, rogo que seja mera coincidência.
Um comentário:
ainda bem que temos as palavras que nos deixam morrem, aliviam nossa dor, ainda produzem beleza.
beijo
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