Danae

Danae
Klimt, Gustav

terça-feira, outubro 21, 2008



Não poder sentir

sob hipótese alguma

o sangue nas veias gélidas,

o sorriso petrificado nos cantos da boca,

o coração a bombear instintivo,

sem sobressaltos

ou qualquer descompasso.

Enfim a dor latente,

a dor de não sentir

o dor de não doer,

a dor de não viver inteiro

e inteiramente ser

apenas

a dor

do nada.

E já não dói,

mas há o frio repuxar

do músculo inerte,

da carne exposta

em contato com o ar

que parece que anuncia:

velas no peito

um cadáver a respirar.


Carolina Miquelassi


°

Qualquer semelhança com minha vida real, rogo que seja mera coincidência.

Um comentário:

Anônimo disse...

ainda bem que temos as palavras que nos deixam morrem, aliviam nossa dor, ainda produzem beleza.

beijo