Danae

Danae
Klimt, Gustav

segunda-feira, agosto 18, 2008

O que você saberia se demorasse um pouco mais o olhar
Quer saber, vou mimbora pra terra dos não desejos. Pro paço onde meus tic-tacs não marquem o tempo que já é muito tarde. Vou pro chão de terra batida onde cada ponteiro desenhado na parede não simbolize um adeus cravado no meu pulso, desenhado em linha horizontal por puro desconhecimento do método. Vou procurar a instância que me resguarde a devida distancia de desventuras abrasadas. E o ar que eu venha inspirar seja matutino e transparente de solidões distantes. E leite que eu venha beber me inunde e reaqueça por dentro como aquele das tetas que derramaram por mim o único sentimento que me pode fazer criança. Essa agonia baiana quer se poluir da água doce mineira. Essa psicodélica urbana quer se embrenhar no capim gordura da fazenda de um sonho ainda novo e que vira quando, em breve, seu pulsar gotejante adormecer. Vou mimbora pro risco de sol mais clarinho da calçada, aquele que se confundo com o desenho de amarelinha e vai parar no vestido da menina que atinge o céu. Vou mimbora porque nessa rua onde minha angústia dorme só se pode querer o que não se tem e o que te dão não pode ser tangido, nem por sonho, nem por beijo, nem por gole que dissolva o nó. Mimbora pra vender pedra por pedra do meu muro de carinho. Quem sabe cobrando caro a mercadoria ganhe valor. Morar lá dentro dos olhinhos meus quando criança que só choravam de dor de barriga ou de medo do bicho papão que nunca papava gente alguma. Lá dentro daquele mundinho verde e fugidio, me esconder na parte mais brilhante e ser confundida com tristeza quando alguém - quem sabe um dia - ouse olhar pronde realmente sempre estive, por trás da sombrinha amarela, no canto esquerdo de tudo, sentada na graminha molhada dos meus olhos.

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